Corrida

“Sabe qual é a triste verdade? As pessoas gostam do sentimento de saber que alguém corre por elas. As pessoas gostam de saber que tem o domínio sobre outra pessoa. As pessoas fingem precisar de quem não precisam, pelo simples fato de quererem se sentir amadas. As pessoas apaixonam umas as outras, sem a intenção de estar junto. As pessoas gostam dos finais, e fazem de tudo pra jogar a culpa do outro lado. A maioria não ama, faz amar. E nunca são o que se dizem ser.”

Sean Wilhelm.

Chorei

Ontem chorei. Por tudo que fomos. Por tudo o que não conseguimos ser. Por tudo que se perdeu. Por termos nos perdido. Pelo que queríamos que fosse e não foi. Pela renúncia. Por valores não dados. Por erros cometidos. Acertos não comemorados. Palavras dissipadas. Versos brancos. Chorei pela guerra cotidiana. Pelas tentativas de sobrevivência. Pelos apelos de paz não atendidos. Pelo amor derramado. Pelo amor ofendido e aprisionado. Pelo amor perdido. Pelo respeito empoeirado em cima da estante. Pelo carinho esquecido junto das cartas envelhecidas no guarda- roupa. Pelos sonhos desafinados, estremecidos e adiados. Pela culpa. Toda a culpa. Minha. Sua. Nossa culpa. Por tudo que foi e voou. E não volta mais, pois que hoje é já outro dia. Chorei.

Caio F. 

Desencanto

“Mas ao contrário daquela vez não sentiu agora a comoção do amor e sim o abismo do desencanto.
Num instante teve a revelação completa da magnitude do próprio engano, e perguntou a si mesma, aterrada, como tinha podido incubar durante tanto tempo e com tanta ferocidade semelhante quimera no coração.”

O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA, Gabriel García Márquez